Júlia Albertoni

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Quando me perguntam: o que você quer ser? Ou até mesmo: O que você é? Nunca bem sei responder. Queria dizer um feixe de energia que se move numa direção reluzente – mas resumir em uma palavra o que eu quero ser quando gente grande é mais difícil que curar a ferida da alma que carrego do passado longínquo e distante dos reinos kármicos. Eu invejo aqueles que com um sorriso e muita graça respondem prontamente… quero ser homeopata, escritor, motorista de trem, engenheira de ponte, cozinheira de comida peruana – tem gente que sabe ser específica. Não é meu caso. Eu sei por onde ano, tenho o foco de holofote, mas vou me guiando pelo cheiro, pelo sabor, pelos trevos da sorte. As vezes vou mais ao sul, as vezes mais ao norte, sempre ajustando o caminho de quem eu me torno. Repito Pessoa todo dia, “quem ontem fui em hoje mim não vive” e nesse processo, acabo sendo muito mais que uma coisa só. As vezes eu confesso que me perco. Nas montanhas do deserto e também naquelas encharcadas pelas brumas que sobem do riacho, até eu ouvir uma canção ou um poema que me apontam novamente para onde ir. Será que um dia vou crescer? Eu me pergunto na descida, mas a pergunta logo é respondida, pela bússola que insistente, é uma peça muito velha de mim. É ela que canta, é ela que faz poesia, é ela que sabe, e me diz: não se engane, minha filha, não se aflita, porque o importante é que esse caminho bate forte coração. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ #poetry #poesia #writers #brazilianwriters #escritorasbrasileiras #escritacriativa #instapoetry #poesia #poemas #escritoras #poetas #textos #arte #autoras #aquarela #watercolour

A post shared by Julia Albertoni (@thesacerdotisa) on Sep 25, 2020 at 4:24am PDT