The Chronicles of a Wild Woman

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The Chronicles of a Wild Woman

I am awake. The desire to write wakes up with me. Perhaps the sunrise that today shines rainbow colours inspires my words. I open the window and the Tibetan prayer flags that ornament my daily practices jiggle a little by the 6 degree wind that twirls right into my nostrils. There, I watch the serene sunrise of the city of 12 million inhabitants and I think about the leaves. I have been thinking about them. The leaves that have been falling down since Autumn. I think about them not just because they are beautifully drawn in colour palettes that any painter would envy, but because they have been falling – as you already noticed – and they have been falling down on me. While I am walking on the sidewalks, riding my bicycle or simply being inside my home, leaves from different sizes (and I love the giant yellow Platanus ones made from terracotta veins) fall down on my hair, eyes, feet and shoulders. I ask myself if this also happens to the 12 million people that live here with me. After all, there are many trees and even more leaves. And if that happens, how many of them notice that the grace of earth gives them a whiff of inspiration?

I was coming back from work feeling the icy night penetrate into my black skinny jeans when a leaf fell right down on my left eye between Kensington Road and Notting Hill Gate. I don’t know if it was because of the leaf, the night or the moon light, but in that moment I imagined that I could write chronicles about the poetry that emerges from the dreams, the conversations, the looks, the depths of a wild life – the one that Clarissa Pinkola Estés wrote so well in 1992. I can’t help but mention that at that point my own wild life was bewitched by the magical new city I was living, London – and you must notice the enchantment as I am writing observations about leaves that here fall down. So, I proposed to my imagination that these chronicles could also have a pinch of adventure, culture, wander world.

But then something else happened. That same night I dreamt with Clarice Lispector, a Brazilian writer. It had been a long time that I hadn’t read her writings. I can be actually pretty precise and tell you that I haven’t read Clarice since my first year at university, when she suddenly became kind of repetitive social media posts. Anyway, I woke up in the morning after the dream and I researched about her. For my surprise, Clarice wrote chronicles. I wasn’t aware of that. She even published a book of chronicles. And then I found one of them entitled “ The Miracle of the Leaves”. Oh! She summaries my feeling about the leaves that fall down, “I am walking in the street and from the wind falls down a leaf right on my hair. The incidence of the lines of millions of leaves transformed into one, and from the millions of people its incidence reduces them to me”. 

I do not know if Clarice talks to me or if I talk to her. The impermanent moment of the leaves ties me to literature, to London and to an odd charm about the ephemeral delicacies that earth gives us. We may call this coincidences, random accidents, synchronicities, but I rather believe in a wild world that silenced flows through the instinctive psyche, hovering around. Maybe it twirls with the chill wind that now overflows my bedroom making my fingers petrify or with the next leaf that from the wind will fall down on your shoulder. That is how the Chronicles of a Wild Woman were born, words following instinct.

J.P.A.

The Chronicles of a Wild Woman were born from the coincidence of the leaves, the dreams and the soul writers. If you want to follow the words that follow instinct, the texts are published in Portuguese and English twice per month. Read more here and subscribe to my mailing list to receive them in your inbox 


As Crônicas De Uma Mulher Selvagem

Acordo. Tenho vontade de escrever. Talvez o nascer do sol que hoje tem as cores do arco iris inspira minhas palavras. Abro a janela do quarto, empurrando as bandeirolas de oração que minhas práticas espirituais enfeitam, sentindo o vento de 6 graus de Londres rodopiar pelas narinas. Observo o amanhecer sereno de uma cidade de 12 milhões de habitantes e penso sobre as folhas. Estive pensando sobre elas. As folhas que vem caindo desde outono. Penso nelas não só porque são belas e desenhadas em paletas de tom que qualquer pintor sente inveja, mas porque elas têm caído – isso você já sabe – e tem caído em mim. Na bicicleta, na calçada, dentro de casa, folhas de todos os tamanhos (e eu adoro quando são os plátanos amarelos gigantes desenhados por veias terracota) caem sob meus cabelos, nos meus olhos, nos meus pés e ombros. Então eu fico me perguntando se isso também acontece com as 12 milhões de pessoas que vivem aqui. Afinal, são muitas árvores e muitas folhas. E se caem, quantas delas percebem que a graça da terra dá lhes um sopro de inspiração? 

Eu voltava de bicicleta do trabalho sentindo o frio da madrugada penetrar meu jeans skinny e uma folha caiu bem no meu olho entre Kensington Road e Notting Hill Gate. Não sei se foi pela folha, pela noite ou talvez pela luz da lua, mas naquele momento imaginei que eu poderia escrever crônicas sobre as poesias que emergem do dia, do sonho, das conversas, dos olhares, das profundezas da vida selvagem – aquela vida que Clarissa Pinkola Estés escreveu tão bem em 1992. E não posso deixar de ressaltar que a minha agora está encantada pela nova cidade que estou morando, Londres – e vocês percebem o feitiço já que eu escrevo um texto baseado nas minhas observações de folhas que aqui caem. Então minha imaginação também propôs que as crônicas tivessem uma pitada de aventuras, de mundo, de culturas. 

Mas tem mais. Naquela noite, eu sonhei com Clarice Lispector. Faz tempo que eu não leio Clarice. Posso ser precisa e dizer que não a leio desde meu primeiro ano de faculdade, quando de repente ela se tornou memes enjoativos de bom dia nas redes sociais. Acordei pela manhã – não hoje, a manhã depois do sonho, outro nascer do sol, outros tons no céu e outros memes de bom dia – e pesquisei sobre ela, porque nosso inconsciente tem um efeito enorme sobre nossas ações. Para meu espanto, Clarice também escreveu crônicas. Desconhecia. Encontro uma delas chamada “O Milagre das Folhas”. Oh! Ela resume a minha sensação das folhas que caem, “estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência de linhas de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim”.

Já não sei mais se Clarice conversa comigo ou eu converso com ela. O momento da impermanência das folhas me une a literatura, a Londres e a um encanto estranho sobre as delicadezas efêmeras que a Terra nos dá. Chamamos isso de coincidências, de acaso, de sincronia, mas eu prefiro acreditar em um mundo selvagem que corre calado pela psique instintiva e que paira por aí. Talvez rodopie com o ar gelado que agora inunda meu quarto e deixa meus dedos petrificados ou com a próxima folha que do vento vai cair no seu ombro. Assim é que nasce as Crônicas de Uma Mulher Selvagem, palavras que seguem o instinto.

J.P.A.

As Crônicas De Uma Mulher Selvagem nasceram da coincidência das folhas, dos sonhos e da potência das escritoras da alma. Se você quer acompanhar as palavras que seguem o instinto, os textos são publicados em Português e Inglês duas vezes por mês aqui. Saiba mais sobre elas aqui e assine minha lista de e-mails para receber elas no seu inbox 

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Caminhe Pelo Lado Selvagem da Vida

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Que livros você considera inspiradores? A Jornada da Louca é uma aventura divertida, Alice no País das Maravilhas com Harry Potter, mas enquanto escrevi o livro e pesquisei conceitos chave, inspirei-me numa bibliografia um tanto quanto excêntrica. Misturei histórias e filosofias. Juntei insights penetrantes do oriente, fábulas do ocidente, fatos históricos, mitologias bíblicas, sonhos do inconsciente, conversas…

17 responses to “The Chronicles of a Wild Woman”

  1. Uau! Você escreve muito bem, consegue transmitir a beleza das coisas simples como de uma folha que cai. É preciso muito talento para chegar à este nível. Parabéns! 🙂

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    1. Obrigada! Eu estava conversando com um amigo essa semana e concluímos que esquecemos de comentar em conteúdos que gostamos de ver, ouvir, ler na internet. Estamos acostumados a esquecer. Agora, lendo seu comentário, entendo: Como é bom receber palavras positivas 🙂

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      1. Um elogio semore é bem-vindo. Mas a própria pessoa também tem que ter espírito autocrítico para não ser influenciado pela opinião alheia.

        Eu vi no seu blog que você também trabalha com tarô. Eu acho o ocultismo um assunto interessantíssimo. Já li vários livros sobre o assunto: Eliphas Levi, Franz Bradon, Helena Blavatsky, etc. É um mundo fascinante. Mas não sou ligado à nenhum credo, apenas gosto de conhecer mais sobre os mistérios da vida.

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      2. Sim, eu trabalhei como taróloga por alguns anos, foi assim que esse blog surgiu. Sempre estudei astrologia e tarot, e amei estudar mais ainda o tarot na perspectiva de arquétipos da jornada do herói. É um assunto fascinante mesmo. Adoro estudar e ler sobre o “occult revival” do final do século XIV e começo do XX, nos países europeus. Eles estavam trocando muito com o oriente, como a própria Blavatsky.

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      3. O que você acha do Paulo Coelho? Nos primeiros livros deles há elementos esotéricos, referência ao paranormal, mas não muito profundo. O público dele adora. Um romance ocultista que gostei bastante foi “Frabato – O Mago”, de Franz Bardon, que as próprias vivências dele. Tentei ler “Zanoni”, de Edward Bulwer-Lytton, mas não me fascinou e desisiti logo nas primeiras páginas. Há algum romance ocultista específico que você possa me recomendar?

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      4. Oi! Nossa eu me perdi nesse comentário e não o vi! Amei sua pergunta e me fez pensar. Eu não sou fã de Paulo Coelho, mas respeito suas palavras afinal eu encontrei os livros dele num sebo de igreja num bairro aleatório aqui de Londres a um mês. Achei bem inesperado! Eu gosto dos contos de Edgar Allan Poe que tem muito de oculto/mistério. Também está na minha lista de próximos livros Frankenstein da Mary Shelley – ela tinha 17 anos quando escreveu se não me engano e muita gente me diz que é genial. Eu sinto algo meio oculto/poético nos livros da Virgínia Woolf, mas daí é mais interpretação pessoal porque os temas dos livros não são ocultistas per se. Os poemas de William Blake são considerados místicos, eu sempre leio um ou dois trechos todo dia. Mas eu quero entender mais agora sobre esse conceito que você me trouxe. Vou num sebo aqui perto de casa procurar mais. Eu acho que aqui na Inglaterra eles devem ter bastante coisa do occult revival final do XIX – é interessante pq eu estudei isso no tarô, na historia mas não na literatura! Aliás, você poderia me explicar mais sobre esse conceito? Espero que você veja o comentário ✨

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      5. Sou apenas um curioso nos mistérios da vida, nos enigmas que se escondem entre o céu e a terra. Não sou especialista. Apenas um leitor voraz. Mas um outro livro que recomendo é a Enciclopédia do Ocultismo e Parapsicologia, do Leslie Shepard. É uma ótima fonte de conhecimento para aqueles que querem se aventurar pelo mundo místico.

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      6. Sim, mas eu gostei muito desse conceito que você trouxe. Realmente me fez pensar, talvez até me encontrar mais nas narrativas. Obrigada pela recomendação! Abraço!

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