Em agosto, adentramos ainda mais o inverno, mas agora o sol volta a aumentar sua incidência no hemisfério sul. Já passamos por nossa fase Eremita. É hora de sair das cavernas, tirar a pele de ursa, avaliar o que foi refletido, pegar um sol, ir para fora. A questão é que esse movimento precisa de cuidado e de proteção. Precisa de limites. Precisa de escudo.
Existem muitos predadores soltos por aí. As vezes, são nossos próprios pensamentos. As vezes, são as atitudes de outra pessoa. Não importa, pois é preciso reconhecer as armadilhas do caminho e ativar uma capa protetora que escuda nossa vitalidade, como a carapaça do Tatu. Esse animal entra dentro do seu casco quando se sente ameaçado e cava buracos como moradia, protegendo-se e protegendo sua família. Se ele pudesse dar um conselho, olharia nos nossos olhos com firmeza e perguntaria: você sabe até onde pode e consegue ir?

Muitas vezes sua carapaça se revela na forma de limites, de confiança em si, de saber a hora de parar, de discernir o que é minha vida e o que é a do outro, de se fechar para poder se abrir, de se resguardar, de se amar o suficiente para evitar, de ouvir o que os instintos sussurram, de dizer não na hora certa.
É essencial impor limites saudáveis entre nós e o mundo, para podermos sair do buraco, da carapaça, da caverna. Assim, criamos um escudo protetor para nos aconchegar sempre que sentirmos a necessidade de voltar para a casa. Quando entramos na caverna para pensar sobre nós mesmos, encontramos as faíscas que acendem a luz interior. Agora é momento de não deixar que ela se apague.
No entanto, para costurar uma carapaça vital de tatu ao nosso redor, precisamos de instinto. Eles permitem que reconheçamos as armadilhas e emergem de forma espontânea, no silêncio e na chance que damos à nós mesmos ao realmente nos ouvir. Sua ação é como a de um vulcão, entra em erupção dentro da pele, até chegar nos ouvidos do coração e se manifestar na forma de um não, de um cansei, de um “tô fora” disso.
“Não foi a música, o canto nem a vida criativa finalmente liberada de Janis Joplin que a mataram. Foi a falta de instinto para reconhecer as armadilhas, para saber quando basta, para criar limites para a defesa da saúde e do bem-estar, para entender que os excessos quebram alguns ossinhos psíquicos, depois outros maiores, até que finalmente todo o esqueleto de sustentação da psique cai por terra e a pessoa vira uma massa amorfa em vez de uma força poderosa.” Clarissa Pinkola Estés
Conselho do Tarô: A Força do Imperador
Duas cartas do tarô se complementam quando falamos de limites protetores da vitalidade. Vamos entender melhor estes arquétipos para ativarmos nossa carapaça?
O Imperador governa seu mundo sem abusar da autoridade. Ele organiza seus pensamentos, suas estruturas, suas ideias, com a certeza que suas ações precisam de ordem e de rigidez para que consigam existir na materialidade do mundo dual. A questão é que o escudo protetor não pode se tornar uma barreira fria, inalcançável e autoritária. Para dizer as verdades, para separar o nosso eu dos predadores, a harmonia e a sutileza se fazem necessárias.
A deusa domadora de leões na carta da Força ensina o Imperador a harmonia e a beleza de preservar os instintos sem se deixar dominar pelos impulsos egoicos. De nada adianta estabelecer limites que são rígidos demais, pois a carapaça pode ficar dura de uma forma que espanta até a luz do sol e da lua que precisa entrar para nutrir o nosso espaço vital. A paciência de entender os desejos do ego, aceitar os mesmos, e trabalhar junto com a fera que nos habita, é o grande ensinamento da deusa para o governante autoritário e descontrolado.
Assim, o Imperador inspirado pela Força, impõe seus limites com amor, dizendo não para as pessoas, as coisas e as oportunidades que ele sabe, no seu âmago instintivo, que não farão bem para seu processo. Se convidaram o Imperador para uma festa e ele sente que não quer ir, tá tudo bem, ele diz pacientemente um não, valorizando sua atitude sem dar muitas explicações.
Quando alguém chega perto do seu trono com bla bla blas, sugerindo o que ele deve fazer em determinada situação, ele respira fundo e presta atenção, com o coração presente. Ele sabe que essa pessoa jamais vai saber o que é melhor para ele. Só ele sabe. Ao invés de mandar a pessoa correr para fora dali com seu cetro de poder, ele abre um belo sorriso, e diz que agora não quer ouvir conselhos. Ele compreende que, se essa atitude incomodar, o problema é de outra pessoa, não é? Porque ele só está valorizando o que é certo para ele. Ele é o rei da sua vida e não precisa de aprovação. Mas ele precisa de amor e harmonia, para não se tornar o carrasco autoritário recluso na sua torre de mármore alimentado pelo seu falso ego.
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