As cartas de tarô podem ser consideradas arquétipos universais, assim como os signos da roda da vida do zodíaco. No baralho, são 78 arquétipos, na astrologia, 12. Arquétipos são manifestações universais das emoções humanas, representados através de ritos de passagens e acontecimentos, como é o caso do tarô, ou personalidades, como é o caso da astrologia. A questão é que todos nós humanos, seja alguém de uma tribo indígena amazônica que ainda não teve contato com o mundo globalizado, seja um agricultor no interior de Goiás, seja uma vendedora ambulante no centro de São Paulo, seja uma phd em Física Quântica, todos nós passamos por situações / emoções semelhantes ao longo da vida. Os arquétipos resumem isso, como se fossem uma chave de interpretação universal que se alimenta de um grande inconsciente coletivo que, no limite, é igual para todos nós.

Considerando que as cartas do tarô são arquétipos e as personalidades do zodíaco também, quer saber qual é a carta do tarô de Waite-Smith para cada signo? Só pra deixar claro que eu que fiz estas relações de acordo com meus estudos de astrologia e tarô. Muitos autores apresentam estas relações de uma forma diferente. Se você tem alguma contribuição nelas, escreve para sabermos nos comentários!
Leia especialmente o signo do seu sol, lua e ascendente:
Áries – O Mago nas terras do Imperador
Já que áries é o início dos tempos, o arquétipo que dialoga com este signo é O Mago, porque ele tem todos os instrumentais necessários para ascender a primeira centelha da criação. Sob a sua mesa de trabalho os quatro naipes do tarô – ouro, copas, espada e bastões – estão depositados para que ele dê início a jornada da vida. Provavelmente ele observa no horizonte as montanhas que estão ao fundo da carta do Imperador, que sugerem o planeta Marte, explodindo nas cores vermelho, laranja e amarelo. Se áries é manifestado pela ação briguenta de ir atrás pelo que quer, o Mago observa o Imperador para se inspirar: ele está determinado a dar o tom e a direção do que cria, sabendo do seu poder de manifestação. Assim, o Mago faz com que a roda da vida gire com o propósito desejado, focado, ativo, porque ele é um homem poderoso, que recebe a energia universal infinita na sua cabeça, até suas mãos. Em desequilíbrio, estes arquétipos beiram a autoridade irritada e a criação explosiva, iniciando coisas sem nem saber porque, apenas pelo desejo da ação, da ambição e da conquista cabeça dura.
Touro – A Imperatriz se deixa levar pelo Diabo
A paixão, a sedução, a nutrição e, é claro, os prazeres fazem da Imperatriz o arquétipo da personalidade de touro. Ela é a grande mãe sensual que sabe aproveitar criativamente os pequenos detalhes da vida e é associada ao planeta Vênus, expresso pelo símbolo do coração desenhado ao seu lado. No jardim da Imperatriz, as delícias acontecem e ela se deleita pela beleza, nutrindo seu corpo e sua alma, sentada sólida e firme no seu trono. Ela é robusta, rica, abundante, próspera e sabe cuidar de si e dos outros. O desequilíbrio de taurinos é expresso no encontro da Imperatriz com a carta do Diabo, arquétipo das limitações materiais que acorrentam os amantes da vida, como ela, nas grades da obsessão. Muito prazer no jardim acaba a levando aos vícios mundanos que, ao invés de serem sentidos no fluxo nutritivo e criativo de seu estado natural, tornam-se a fraqueza que a amarra e prende seu espírito na matéria de uma forma sufocante.
Gêmeos – Os Amantes caem da Torre
A carta dos Amantes é o arquétipo que apresenta a dualidade dos opostos – o homem e a mulher – em comunhão para se tornar um só, assim como Gêmeos, que carrega em si mais de uma personalidade. Os Amantes são comunicativos, regidos por Mercúrio, mostrando que a fala tem que ter essência para que se escolha o caminho cujo sistema de crenças e valores coexista com suas várias personalidades. As várias manifestações de gêmeos fazem deste signo o grande aprendiz do zodíaco, que busca saber conviver com seus vários eus de forma harmônica. Por ser extremamente impulsivo e ter uma atividade mental, ativa e comunicativa intensa, é complementado pela carta da Torre, que mostra os Amantes caindo na destruição de seus falsos pensamentos. O raio que atinge a Torre é como o conhecimento que gêmeos sempre viu mais nunca quis realmente ver, e, quando o atinge, faz ele mesmo querer destruir suas estruturas num movimento brusco de querer começar tudo de novo.
Câncer – O Carro à luz da Lua
A carta do Carro mostra um condutor que segura firme as rédeas de sua vida, assim como câncer, que, em equilíbrio, direciona e controla suas emoções regidas pela Lua. A energia de câncer é emotiva, afetiva, amável, criativa e persuasiva, por isso, ao controlar todos os seus poderes como o condutor do Carro, permite seus processos internos amadurecerem sem serem dramatizados por aquilo que fica para trás do movimento. Os amorosos cancerianos tem uma força interna muito grande, conduzem a família, a vida, os projetos com determinação, foco e ambição, prontos para defender o que é seu. A carta que complementa este signo é a Lua, nome igual ao satélite que rege câncer, a qual exibe o símbolo do caranguejo e das águas emotivas que podem tomar conta do inconsciente canceriano, fazendo-o se apegar as suas raízes sem conseguir andar para frente, dominando seus instintos obscuros relacionados ao passado.
Leão – A Força do Sol pode queimar
Leão é representado pela carta da Força, onde uma mulher semi-deusa doma o leão interno da sua psique com a energia do coração. A exuberância dela, ao controlar seus instintos mais profundos, é demonstrada pela paciência e calma de suas expressões. O signo de leão, como a força instintiva, sexual e cativante do animal desenhado nesta carta, precisa ser equilibrado pela paciência da psique ativa para que não se torne uma grande fera egóica pronta para comer a vida. Acompanhada da carta do Sol, a mulher assume a energia que leva a luz para fora, sabendo muito bem atrair as manifestações positivas necessários para que o amor se torne a essência dos seus atos, através da criança interior brilhante, apaixonante e desapegada de vaidades limitantes. Caso tente brilhar demais, no entanto, a mulher domadora de leões queima tudo ao seu redor, como leoninos que não sabem lidar com as camadas ferozes de seus egos.
Virgem – O Eremita encontra A Temperança
A Eremita, essa grande sábia que se afasta da cidade nas montanhas de gelo para encontrar sua luz interior, é o arquétipo que conversa com a personalidade de virgem. Sua disciplina em buscar as respostas para os assuntos da alma, através do caminho que os grandes curadores caminham, mostra que a solidão é a amiga e companheira para o discernimento do que é bom e do que não é bom quando o assunto é vida com essência. Nesse sentido, estar só não significa exatamente estar só: virgem sabe o poder que o eu solitário conquista ao encontrar o centro que equilibra toda sua força de luz. Juntamente com a carta da Temperança, a Eremita harmoniza a saúde do seu corpo físico em com suas descobertas mentais, tendo a capacidade de nutrir e entender suficientemente todos os processos da vida, separando, discernindo, buscando. Ela torna-se, assim, uma grande mestre curadora.
Libra – A Justiça fala por si só
A Justiça empunha sua espada com firmeza, olhando para nós diretamente nos olhos, julgando se somos capazes de entender a profundidade de seu intelecto. Ela coloca todas os fatos na balança para encontrar as verdades e o equilíbrio dos assuntos da vida, como o signo de libra, que através de sua balança, pesa e mede as palavras e os atos para beneficiar todos os seres sencientes. Totalmente vestida de vermelho, a Justiça tem seu pensamento direto e analítico e emana a força do intelecto para as decisões equilibradas e diplomáticas. Em desequilíbrio, a Justiça não se responsabiliza por suas próprias ações e age com desonestidade, acabando por se perder na contagem de sua própria balança. Incapaz de decidir por si só, esquece que suas vestes são justamente vermelhas, a cor da coragem – ela tem o poder da decisão.
Escorpião – Entre o dia do Julgamento e da Morte
O abismo do signo de escorpião é representado pelo ciclo da vida-morte-vida. Isso significa que esta personalidade do zodíaco é capaz de provocar transformações semelhantes a morte e ao mesmo tempo manifestar um movimento onde as densas energias são transmutadas para o renascimento mais poderoso que o submundo já viu. Por isso, a carta deste signo é o Julgamento, que representa o chamado interior das profundezas, para que desçamos para baixo embora iremos para cima, para que entremos lá dentro e assim podermos ir para fora. A profundidade do despertar do anjo do dia do Julgamento faz com que o brilho interno dos nossos seres se expanda na forma de um deus. Somos deuses e deusas que só encontraram esta condição contemplando os sepultamentos do ciclo natural da impermanência. A carta da Morte, que simboliza o fim para que os novos começos se manifestem, igualmente transformados, faz parte do dia do Julgamento. Estas duas cartas juntas potencializam transformações intensas, mágicas e muito bonitas, no entanto, precisam ser encaradas com a beleza que o ciclo da vida-morte-vida proporciona para o equilíbrio das coisas do mundo. Do contrário, escorpianos tendem a ser destrutivos, só vendo a morte como o fim, o excesso, a densidade que não quer mais subir.
Sagitário – O Hierophante viaja O Mundo
Depois de buscarem muito conhecimento, os sagitarianos se tornam os grandes professores do zodíaco. Antes aprendizes, depois mestres. A carta do Hierophante simboliza a sabedoria conquistada pelo líder que alcançou a hierarquia necessária para chegar lá e que viveu muitos processos para saber do que está falando. Ele é conservador, mas nem tanto. Sabe que precisa desse papel de “líder espiritual” para estar no lugar onde está, mas sua verdadeira natureza é a do explorador que já sabe de todas as coisas da vida e agora tem muito a ensinar, respeitando a diversidade das culturas, dos olhares, dos pontos de vista. A carta que complementa e torna o Hierophante mais buscador e sábio ainda é o Mundo, que representa todas as conquistas que os sagitarianos conseguem ao se deslocar pelos espaços e territórios, experienciando os prazeres da vida e prosperando em suas assertivas decisões, entendendo que, por mais longe que for, sempre pode se sentir em casa quando focado, centrado, com clareza de objetivo. Em desequilíbrio, ambas as cartas apontam para o conservadorismo e a visão estreita do mundo que sagitarianos podem ter, quando não há sabedoria suficiente para ser mestre de si. O aprendizado precisa de continuidade.
Capricórnio – O Imperador na Roda da Fortuna
O signo de capricórnio, o mestre do tempo e dos planejamentos, dialoga com o Imperador, que tem a autoridade, a organização e a responsabilidade necessária para fazer com que as coisas aconteçam – é o grande pai do tarô. Ele sabe impor limites saudáveis com o mundo ao seu redor. Porém, seu excesso de responsabilidades pode levar a uma cobrança obsessiva, daquele que não sabe olhar para cima e viver o dia de hoje, perdido nas limitações materiais e no papel social que a sociedade o impõe. Por isso, em desequilíbrio, tende a ser materialista, pessimista, ambicioso demais e limitado, sem saber impor limites entre ele e o mundo. Para que os capricornianos consigam equilibrar suas energias que buscam controlar o tempo a qualquer custo, a Roda da Fortuna emerge para mostrar que o ideal é não estar nem muito em cima, nem muito embaixo: é preciso encontrar o eixo da roda, para deixar a vida girar por seu próprio destino, porque grande parte dos acontecimentos está fora do alcance e controle das nossas mãos, mente e planejamentos. A Roda da Fortuna ensina aos capricornianos a acreditarem na positividade da vida e nas possibilidades infinitas do destino, enquanto tudo é impermanente.
Aquário – O Pendurado vê A Estrela
O Pendurado, que vê o mundo de cabeça para baixo, observa os outros, a vida, as coisas, de uma outra perspectiva: ele é diferente. É assim que os aquarianos equilibrados se sentem, percebendo e sendo diferentes simplesmente por virar tudo de pernas para o ar. Mas só olhar as coisas de outra perspectiva não é suficiente, para ser realmente diferente, aquário encontra A Estrela, a mulher brilhante que lhe mostra o poder da criação ao mergulhar nas águas da memória coletiva, as quais guardam segredos artísticos e inspiradores para as ideias enfim circularem poderosas. O signo de aquário é eufemismo para internet. Isso porque ele é a conexão, comunicação, criação, que compartilha pelo prazer de fazer as coisas circularem. Com a Estrela, aquarianos compartilham criativamente. Porém, em desequilíbrio, podem não aceitar as ideias dos outros, não entender que as criações não são individuais, são coletivas, porque o conhecimento onde ele nada e circula o é. O apego a si mesmo faz O pendurado ver a Estrela de um pequeno aquário de mármore, onde tudo é estreito e limitante, fechado no pensamento individualista que não reconhece as águas que o criaram.
Peixes – A Sacerdotisa ensina a Louca
Peixes é o último signo do zodíaco, por isso, encontra a Louca, arquétipo que remenda o final e o começo da jornada cíclica do tarô. Como a Louca que se atira do abismo para viver dos seus sonhos, piscianas acreditam nas matérias do sonho e do infinito e podem, em desequilíbrio, viver no mundo da lua. A Sacerdotisa encontra a Louca para a ensinar acessar o inconsciente para fins intuitivos e espirituais, de forma que ela consiga organizar seu infinito fluxo mental. Ela aprende, então, a viver no limiar da dualidade, no mundo que faz as coisas coexistirem, para que possa expandir sua sensibilidade natural e se tornar um peixe que flue com a correnteza em harmonia. Assim, as loucuras da Louca e das piscianas são harmonizadas, porque elas compreendem silenciosamente a realidade absoluta da essência da vacuidade. E elas não podem se esquecer disso.
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