“Já ouvi mulheres que disseram estas palavras, se não centenas, então milhares de vezes: “Eu sabia que devia ter seguido minha intuição. Pressenti que devia ou não devia ter feito isso ou aquilo, mas não lhe dei ouvidos”. Nutrimos o profundo self intuitivo ao prestar atenção a ele ao agir de acordo com sua orientação. Ele é um personagem autônomo, um ser mágico, mais ou menos do tamanho de uma boneca que habita a terra psíquica da mulher interior. Nesse sentido, ele é como os músculos do corpo. Se um músculo não for usado, ele acaba definhando. A intuição é exatamente igual: sem alimento, sem atividade, ela se atrofia” (Clarissa Pinkola Estés)
Depois dos ensinamentos do Mago, A Louca segue sua jornada energizada pela vitalidade da co-criação e sente que tem fogo na sua alma. Ela está pronta para criar mágica em sua vida. Mas após um tempo de caminhada, ela avista alguém sentado entre dois pilares ancestrais. Ao se aproximar, A Louca pode ver quem é. Uma mulher robusta vestida de azul segura o livro das Leis Divinas e Universais e pisa sob uma lua brilhante. Ela parece estar meditando sobre o que acabou de ler, mas de alguma forma observa A Louca de forma penetrante.
“Eu sou a Grande Sacerdotisa”, são suas únicas palavras. Todo o fogo antes existente na Louca mergulha na força das palavras que acabou de ouvir, acalmando-a misteriosamente por dentro. O silêncio se pendura como uma noite estrelada entre as duas, que ficam ali, trocando olhares profundos. Após um tempo, A Sacerdotisa prossegue: “Em alguns lugares me chamam de Papisa, Lá que Sabe, Aquela que Sabe, Mãe Selvagem, Mulher Esqueleto, Suma Sacerdotisa ou Mulher Xamã. Tenho muitos nomes”, acrescenta.
A Louca percebe um brilho emanando das colunas. A Sacerdotisa então pergunta: “Vivemos num mundo entre, pois coexistimos entre a negação e o início, a vida e a morte, o bom e o ruim, o dia e a noite, o sol e a lua. Como fazer para estar entre os pilares da dualidade?”. A Louca não responde, apenas se senta e intuitivamente começa a meditar. Horas se passam e as duas compartilham a sabedoria da busca interior.
Quando está quase amanhecendo, A Louca ouve um insight penetrante. A Sacerdotisa não precisa lhe falar mais nada. Finalmente compreende que sua jornada será integral se justamente prestar atenção para o tesouro de sua intuição. Assim como existe um grande criador dentro dela, existe uma grande sábia. Ambas energias, ying e yang, equilibram-se como princípios acessíveis que formam o todo a partir de dois. Para aceitar e viver o paradoxo dos opostos que andam lado a lado é preciso consultar a verdadeira orientação: o mistério que habita dentro e aquela sabedoria de quem sabe o que vai acontecer porque simplesmente sabe.
Assim, A Louca percebe que a Sacerdotisa é aquela-que-tudo-intui, porque sua sabedoria vem de dentro, da conexão espírito e matéria que faz seu corpo vivo. Ela é o oposto complementar do Mago. Enquanto ele é a magia da ação e o poder da criação, ela é a magia da intuição e o poder da sabedoria.
A Louca se levanta e está pronta para continuar a jornada. Seu olhar agora exala o mesmo mistério que emana da Sacerdotisa. Esta lhe indica o caminho a seguir, apontando para a cortina de romãs atrás dela. Assim, a Louca atravessa o portal dos frutos misteriosos.
Palavras-chave:
Intuição; Self instintivo; Sabedoria; Leis Divinas e Universais; Não-ação; Silêncio; Dualidade; Oráculo; Auto-conhecimento; Mistério; Dentro; Ouvir a voz interior; Coexistir; Entender profundo; Espiritualidade; Meditação; Instinto
Frase de poder:
“Eu escuto e honro minha natureza instintiva”.
Livros Utilizados:
Tarô, Espelho da Vida de Mario Montano, publicado em 1984
Mulheres que correm com os lobos de Clarissa Pinkola Estés, publicado em 1992
PRÓXIMA CARTA: A IMPERATRIZ
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