Júlia Albertoni

Um dia eu acordo e observo meu apartamento. Quando as coisas que tenho passaram a me possuir? Sinto uma limitação profunda permeando meu corpo físico, mental e espiritual.

A vontade é explodir tudo ao meu redor. Só que a limitação é tanta que o seu sentimento me paralisa. Não consigo fazer nada a não ser sentir as correntes invisíveis me segurando aqui e agora. Sento na minha mesa de trabalho e fico sofrendo por horas, porque nem meu trabalho consigo fazer. Estou literalmente improdutiva, inútil, infértil. Nada sai e nada entra. Sinto-me num beco sem saída. Quero viajar o mundo, quero casar num lugar mágico, quero um trabalho dos sonhos, quero ser feliz e maravilhosa mas… uma vida de instagram? Não posso me mover. Essa vida é real? Eu preciso de movimento. É a necessidade da minha alma, hoje e sempre. Se alguém ao menos me convidasse para um baile, para uma maratona, para um passeio de barco, para uma volta ao mundo…. 

Como posso me libertar dessas correntes? Porque a sensação limitante acontece? De onde ela vem? Será que está relacionada a algum tipo de mudança que devo fazer? O que são as oito espadas que nem me tocam mas que estão ali, impedido o movimento do meu corpo? Como arrancar a venda que me cega e me faz acreditar na limitação? Porque me comparo com outras vidas que chegam para mim através de imagens?

Após horas de sofrência, o sol me chama. Ele é poderoso. Puxo minhas energias lá de dentro e faço um movimento duvidoso: convido uma amiga para ir a praia. Passamos a tarde conversando deitadas na areia. Tomo banho de mar e depois tomo banho de chuva. Volto para casa curada.

Conselho: Quando a energia da limitação inquietante e paradoxalmente paralisante aparecer, faça um pequeno movimento que ativa um grande movimento. Esse movimento tem que te levar para mais movimento. Esquece as responsabilidades que tem no dia. Solta tudo pro universo e vai fazer algo totalmente diferente da rotina. Ás vezes é a própria rotina que pode estar prendendo. Às vezes o contato com a extensão da nossa natureza, sol, água, mar, cachoeira, pedras, terra, pode te fazer lembrar que a vida é muito mais que as espadas que te desafiam ou que as caraminholas que te limitam. Às vezes uma conversa sincera pode te ajudar a ver o outro lado das coisas. Depois, perceba o que a limitação quer te dizer. Talvez seja tempo de mudanças.